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Histórias do Peró

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Tufão em 1913 Arrasa o Peró e Região

No comecinho da noite de 26 de setembro de 1913 um tufão com velocidade de 126 quilômetros por hora trouxe pavor ao pessoal do Peró. Moradores tiveram suas casas parcialmente destruídas e plantações devastadas. O tufão vindo do Rio de Janeiro causou estrago em toda região de Cabo Frio, e fez naufragar o Vapor Carolina que estava ancorado na Boca da Barra, próximo ao Forte São Matheus.

* Abaixo detalhes da história

A data de saída do Vapor Carolina do porto do Rio de Janeiro foi adiada par o dia 26 de setembro, e, no trapiche da empresa, se encontravam várias mercadorias, para serem acondicionadas nos porões do vapor e seriam destinadas às casas de comércio de Vitória. Entre as mercadorias, lá então estavam 3 mil telhas francesas e 50 barricas de cal (produto que na época, era usado como cimento). Pronto, havia descoberto a resposta de minha antiga indagação sobre a existência daqueles pedaços de materiais de construção, que vinham decorar o sepulcro do Carolina.

A primeira escala do vapor, foi em Cabo Frio e na época, o porto da cidade para navios do porte do Carolina, ficava fora da barra do Itajuru, ou seja, tratava-se de um precário local de ancoragem, aonde, grandes navios recebiam carga de sal através de transbordo. Desde do século XVII, os cronistas já mencionavam a impropriedade daquele “porto”, pois os navios poderiam ser surpreendidos pelos temporais que se formam no sul. Ali, eles não tinham como se proteger.

No dia 26 de setembro de 1913, o Carolina fundeou em águas tranqüilas. E fez desembarcar seis passageiros. O dia correu quente, pois desde de manhã, um calor incomum começara a dominar a atmosfera. Mas para a maioria dos experimentados marujos e pescadores, significava mudança de tempo. Esperavam, contudo, por uma copiosa chuva reparadora...

Mas perto das 19 horas, no horizonte ao sul, o céu estava sendo encoberto, numa velocidade incrível, por nuvens escuras e tempestuosas, carregadas de raios e trovões que se atropelavam. Aquele fenômeno, na verdade, era mais do que um soprar violento do vento sudoeste – era um tufão - e que chegou na região com uma velocidade de 126 quilômetros por hora. Quando passara pelo Rio de Janeiro, tinha provocado muitas catástrofes e finalmente atingiu Cabo Frio e arredores, mudando destinos.

No mar costeiro, lá estava ele, solitário e desprotegido, o Carolina com a sua gente apavorada, empenhada na árdua faina de enfrentar às convulsões marinhas causadas pela ventania desvairada. Toda a superfície do mar se achava picada de ondas contínuas e volumosas que se quebravam de encontro aos rochedos, em estrondos tremendos.

E devido às vagas que vinham socar o proa do vapor, a ancora, bem unhada no fundo, sofria forte solavanco. Contudo a amarra de ferro que prendia o navio ao leito do mar, partiu-se, não resistindo à tração gerada pelas lufadas violentas que faziam o Carolina galear nas ondas agitadas. E de imediato, o vapor começou a ser açoitado e empurrado de encontro à costa. As suas máquinas aquecidas e rangentes, não podiam defender o navio de seu destino, triste. Até que a tripulação mais do desesperada, presa nos compartimentos do barco, pode escutar o barulho indescritível do aço moendo rocha. O Carolina, pelo efeito das colossais montanhas de água, seria alojado sobre um baixo lajeado de granito existente bem ao lado do local denominado “Barra Nova” (que nunca foi uma barra, daí ser chamado antigamente de Barra Falsa). Sua proa apontava em direção da boca da barra do Itajuru.

O tufão se foi, deixando para trás, um rastro de ruínas e sentidos humanos marcados pelo pavor e na costa, um navio perdido e agonizante. A tripulação do Carolina, atônita, mas ilesa, deixara o navio, com os pés enxutos. E na cidade, às escuras, os estragos foram muitos. As ruas de terra batida estavam cobertas de telhas, paus, folhas e árvores abatidas. Amanheceu, domingo, 28 de setembro de 1913, e os comentários, sobre o raro fenômeno e os danos que causara corriam de boca em boca por todos os cantos, tão rápidos, como a fúria da ventania que atingiu a isolada região. Cata-ventos derrubados nas salinas, casa de fulano e sicrano, desabadas, e no mar, um navio, pelo infortúnio, encalhado, vida encerrada. Porém, mas sorte teve o frágil navio à vela cabo-friense, o Alina, que não se sabe como, sobreviveu na ocasião, quando navegava entre Cabo Frio e o Rio de Janeiro. Que alegria foi para a mãe, de seu Valeriano - os quais moravam na Passagem - ao saber que o marido, marinheiro do Alina, não sucumbiu sob a terrível tempestade, causada pelo tufão que vitimou o Carolina.

Logo o pessoal, principalmente lá das bandas do Peró, mas também dali de perto, da Passagem e agindo tais como formigas carregadeiras, passaram a “limpar” os porões do Carolina. E lá estavam para o contentamento de muitos, em completo abandono: caixas de vidro (a ser usado em janelas), caixas de conhaque, fardos de fazendas, barrica de fumo, garrafas de cachaça e outras bebidas, caixas de sabão, caixa de roupas, vários artigos de armarinho, 264 volumes de máquinas de costura Singer e etc.

De modo que muitos cidadãos apareceram pela cidade, trajando calças, chapéus e calçados, os quais vinham contrastar com o baixo poder aquisitivo, denunciando a procedência dos artigos. E alguns passariam pitar, em seus cachimbos fedorentos, o fumo que proveio do Carolina. E se senhoras e senhoritas passariam a se cobrir de finos tecidos, outras mulheres, contentíssimas, começariam a costura em moderníssimas máquinas de costura do tipo “lançadeira oscilante de família”, fabricadas pela Companhia Singer de Nova York e que originalmente seriam destinadas à lojaSinger S. Machine da cidade de Vitória. Não sabemos qual, ou quais casas foram cobertas com as telhas oriundas de Marselha.

Fonte: www.cabofrio.org.br

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NAVIO NEGREIRO INCENDIADO NA PRAIA DO PERÓ EM 1850


Ocorreu em Cabo Frio um incidente relacionado ao desembarque ilegal de africanos, que inaugurou a lista de processos respaldados na nova lei.
Em 25 de agosto de 1850, o cúter Narceja, navio pertencente à alfândega da Corte, encontrava-se, à tarde, ancorado na parte mais funda do porto da cidade, isto é, no local situado em frente à saída da barra do Itajuru. A tripulação - constituída de seis marujos, mais um guarda de alfândega - ao avistar um bergantim que se aproximava para entrar pela estreita boca da barra, percebeu que alguém, em terra, fazia-lhe sinais para afastar-se dali, o que foi prontamente atendido pelo navio que virou de bordo e fugiu em direção à Praia do Peró. A tripulação do Narceja ainda tentou dar caça ao bergantim, mas foi impedida pela maré vazante e, segundo depoimentos de tripulantes, só puderam sair pela barra à meia-noite, na maré enchente. Além disso, o cúter enfrentou vento contrário (de nordeste), e só conseguiu chegar ao Peró quando já amanhecia. No local, avistaram o bergantim suspeito fundeado muito próximo da praia, com aproximadamente dez homens a bordo. Estes, quando sentiram a aproximação do Narceja, atearam fogo ao próprio navio, puxaram a vela de bujarrona para fazer a embarcação encalhar e abandonaram-na em chamas, fugindo para terra em um bote.
A tripulação do Narceja rumou rapidamente para perto do bergantim e, apesar de muito esforço, não conseguiu extinguir o incêndio. Contudo, salvaram alguns equipamentos, como velas, moitões, um bote e duas âncoras, entre outros. Na praia, foram recolhidos outros objetos. Percorrendo o Peró, os tripulantes do Narceja encontraram, em meio à vegetação, um grupo de negros que tinha sido desembarcado e escondido. Neste grupo, haviam 28 em boas condições de saúde, outros doentes ou machucados e alguns mortos.
Os tripulantes informaram em seus depoimentos que o bergantim incendiado era de nacionalidade brasileira e chamava-se Sagaz. A maioria dos objetos resgatados foi transportada pelo cúter até a Corte, para serem arrolados no processo; outros como âncoras, todo o cobre, algumas velas e vergas foram entregues ao delegado de Cabo Frio.
No livro Páginas da História Fluminense, de Talita de Oliveira, encontramos um ofício enviado por uma autoridade a outra, que revela o envolvimento de alguns moradores da cidade com os traficantes de escravos.
"Ilmo. Sr. (...) constando-me que existem alguns africanos novos desembarcados no dia 26 do próximo passado mês, na Praia do Peró e do brigue incendiado pela tripulação, em casa de um indivíduo de nome José Luiz Lopes Trindade, morador naquela praia e conhecido também por José do Peró e da viúva de José Cortezia, ordeno-lhe terminantemente e sob a responsabilidade que, sem perda de tempo e de combinação com o juiz municipal desta cidade, requisite a força policial que necessitar e com ela faça apreensão dos africanos no que encontrar naquela casa e prenda à minha ordem o dito Trindade. O que lhe hei de por muito recomendados. Deus guarde V.S... Cidade do Cabo Frio, 11 de setembro de 1850, às 11 horas da noite (...)"

Fonte: HISTÓRIA DE CÉLEBRES NAUFRÁGIOS DO CABO FRIO, De Elísio Gomes Filho
Editora TEXTO & ARTE

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PERÓ, CELEIRO DE CABO FRIO



Em 1913 a maioria dos habitantes de Cabo Frio dependia diretamente do trabalho de rede no mar. Eram marítimos, carpinteiros navais, pescadores e, em menor número, trabalhadores da estiva e da resistência que, em geral, moravam pelas bandas do Peró, do outro lado do canal. Considerado nessa época o celeiro de Cabo Frio, o Peró produzia alho, tomate e melancia, entre outros produtos famosos por seu tamanho. Essas mercadorias podiam chegar a Cabo Frio sobre o lombo dos burros, pelo caminho da Gamboa, mas eram escoadas primordialmente através de canoas e batelões embarcados na margem do canal, perto da Ilha de Chico Pedro, anexada ao continente pela draga Maranhão durante a Segunda Guerra. Como as pessoas e as mercadorias vindas do Peró passavam pela Passagem, concluímos estar aí a origem do nome do lugarejo, que já constava em mapas do século XVIII.

Fonte: História de Célebres Naufrágios do Cabo Frio
De Elísio Gomes Filho
Editora Texto & Arte

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DOCA STREET ENCONTRADO NUMA CASA NO PERÓ



"Uma crise de ciúme de Doca Street iniciou a discussão que precedeu o assassinato de Ângela, em 1976, na casa de veraneio dela, em Búzios (RJ)."

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Declaração de um repórter na época:
"P
ulamos o muro da casa do Doca Street na Praia de Peró. O restante dos 20 repórteres ficou babando em cima do muro, morrendo de medo.

Abordei o Doca espreguiçando numa cadeira de piscina. Logo fui pedindo desculpas pela invasão dizendo que era de Minas e que queria suas palavras para os mineiros, nem que fosse em sua defesa.

Ele concordou, entre assustado ou desejoso de falar. Repórter tem que dar sorte. Passei alguns trechos para a turma de medrosos em cima do muro."

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* Lembro-me muito bem desse episódio. Eu estava chegando da escola por volta das 12:00 horas, e tinha um grande número de repórteres em frente a casa.

A CASA QUE DOCA STREET FOI ENCONTRADO


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Bola de Fogo Sobrevoa o Céu do Peró




Numa noite do ano de 1980, por volta das 9 horas da noite, eu, minha mãe e um irmão, ao sairmos da casa de um visinho, presenciamos uma sinistra bola de fogo de sobrevoava o céu do peró, e nos causou pânico. Ela voava em circulos a uns 50 metros de altura.
Naquela época coisas estranhas aconteciam no Peró.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

FÁBRICA DE CONSERVAS E SALINA TRAPICHE NA OGIVA

                                                  Salina Trapiche - Ogiva

Por volta do ano de 1882 o engenheiro francês Leger Palmer obteve licença para instalar uma fábrica de conservas de pescados na  Ogiva, na época conhecida como Ilha de Simão Luis ou do Apicú. Ali, o engenheiro construiu também sua segunda salina, a famosa Trapiche, nome que se deve ao fato de no local terem existido alguns armazéns (um deles, edificado sobre palafitas, avançava pelas águas do Itajuru). 

 Fonte: Histórias de Célebres Naufrágios do Cabo Frio
Autor: Elísio Gomes Filho
Editora Texto & Arte

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Ewaldo Salles





Ewaldo de Oliveira Salles nasceu em Cabo Frio, em 31 de maio de 1920. Filho de Maurício Cardoso de Salles e Rosa de Oliveira Salles, tinha mais sete irmãos.
Ainda na infância mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou até a 5ª série do antigo primário. Fez o exame de admissão, mas não continuou os estudos. Estudou mais tarde para prestar exames para o Colégio Pedro II, sonho que não veio a se concretizar. Sempre gostou de estudar, ora com o irmão Simão, professor de Educação Física, ora com a irmã Elvira, também professora.
Chegando ao Peró, no ano de 1940, foi morar com a irmã e trabalhar nas salinas.
Em 1946 começou a alfabetizar seus primeiros seis alunos, passando a aumentar essa quantidade ano a ano. Para eles, comprava as cartilhas e todo o material necessário com o seu próprio salário.
Na década de 50, juntamente com os Souza e Elcinho Azevedo, implantaram no salão paroquial da Igreja Matriz a alfabetização de adultos, envolvendo pessoas da comunidade local.
Quando ainda jovem, gostava muito de nadar na Praia de Massambaba e admirava os seminaristas que frequentavam a Igreja de Santana, e desejou também entrar para o seminário, mas não encontrou aprovação por parte da família.
Era um homem de muitas atividades. Dava aulas de catequese, aulas de reforço escolar e socorria os mais necessitados, alfabetizando-os e ouvindo os seus problemas.
No dia 17 de novembro de 1985 foi inaugurada a primeira escola no bairro do Peró e em homenagem a esse grande ser humano a escola recebeu o nome “Evaldo Salles”.
O Sr. Ewaldo Salles faleceu no ano de 2007, no mês de julho, mas deixou uma bela história e vida.
                      
                      CABO FRIO ISOLADA


     Em 1913, a dois anos do tricentenário de sua fundação, a cidade de Cabo Frio permanecia mergulhada na vida pacata e solitária de sempre, isolada da capital e do resto do país pela falta de estradas. Os trilhos da ferrovia Maricá, que haviam chegado à região (em Araruama) em 1911,agora estendiam-se até Iguaba Grande.
Somente em 1915, os cabo-frienses ganhariam um meio de locomoção:
a lancha a motor com que o francês Alberto Mazur inaugurou a primeira linha de transporte de passageiros, via Laguna de Araruama. Era um percurso muito perigoso nos dias de vento forte; e mesmo com águas calmas, navegava-se horas até atingir a estação de Iguaba. Depois, dali até Niterói a situação não era melhor, pois as inúmeras falhas na construção da ferrovia causavam tantos descarrilhamentos que a viagem poderia durar mais de dez horas.
     Em 1923,com a abertura da estrada de rodagem até Iguaba, foi inaugurada uma linha de ônibus com viagem às terças-feiras e, tempos depois, também aos sábados. Com a construção da ponte Feliciano Sodré, em 1926, foi estabelecido um serviço de ônibus diário. Só em 1937, a linha férrea seria estendida de Iguaba até Cabo Frio. Quase dez anos depois, em 1946, finalmente uma empresa de ônibus - a Salineira - estabelecia uma linha entre Cabo Frio e Niterói.


Fonte: Histórias de Célebres Naufrágios do Cabo Frio
Autor: Elísio Gomes Filho
Editora Texto & Arte
     

terça-feira, 15 de maio de 2012

                                 Ilha Comprida, em frente as Praias do Peró e Conchas
       
       Na Cabo Frio antiga a câmara recebia, constantemente, pedidos de concessão de terrenos municipais. Um destes veio de Carlos Palmer que, em aforamento, pedia as Ilhas Papagaios e Comprida, para nelas instalar empreendimento para o desenvolvimento pesqueiro.
         Em 1917, quando Palmer tentava implantar seu projeto na Ilha Comprida, recebeu a visita inesperada de um navio de guerra brasileiro, que vinha averiguar a denúncia de que ele, Palmer, estaria desmatando a ilha. Esta denúncia partira de um adversário político, e Carlos Palmer amistosamente mostrou para os marinheiros armados, ali desembarcados, que a história não era bem essa.

Fonte: Histórias de Célebres Naufrágios do Cabo Frio
De Elísio Gomes Filho
Editora Texto & Arte